[escrevo]



É de noite e está frio, muito frio lá fora.
 Mas eu, aconchegado, escrevo.
Escrevo entre livros por fechar, canetas por tapar, comprimidos por tomar e pessoas por amar.
Escrevo sobre tudo e sobre nada, mas escrevo.
Escrevo sobre ti, sobre mim, ou sobre ninguém em especial.
Escrevo sobre o sol e sobre as estrelas.
Escrevo sob a lua.
Escrevo sobre hoje e sobre amanhã.
Enfrento o terror da página em branco e escrevo.
Escrevo as minhas alegrias e as minhas tristezas
aliás, escrevo todas as minha alegrias e todas as minha tristezas.
Sei que no fim, não escrevo nada.
Mas escrevo.
E escrever é amar
amar a escrita, amar a língua, amar cada palavra.
Escrever é amar-me.
E eu gosto de me amar
por um bocadinho que seja,
nem que seja enquanto escrevo. 
E por isso,

por puro egoísmo:
escrevo. 

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